quinta-feira, 14 de julho de 2016

Peça de Arquitetura - Terceira Instrução do Ritual do Grau de Aprendiz Maçom

ORIENTE DO RIO DE JANEIRO, RJ.
                                                                                            
                                                                                             Em 01 de abril de 2016
A.·. R.·. L.·.M.·. FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170
A.·.G.·.D.·.G.·.A.·.D.·.U
V.·.M.·.
Ir.·.1º Vig.·.
Ir.·. 2º Vig.·.
Estimados IIr.·.

Assunto: Peça de Arquitetura
Peça de Arquitetura sobre o Grau de Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito
A Terceira Instrução do Ritual de Aprendiz Maçom do REAA expõe ao aprendiz alguns dos principais conceitos e valores da Maçonaria, através de um encadeamento lógico onde cada conceito leva ao seguinte.
No presente trabalho, serão explicitados esses conceitos e sua relação lógica e de causa e efeito. Em seguida, o trabalho vai explorar, de forma mais aprofundada, a relação entre dois desses conceitos.
Os principais conceitos expostos na Instrução são:
1 - A existência de um Gr Arq do Univ e de uma realidade muito maior e mais complexa que nossos sentidos conseguem depreender (tudo que existiu, existe e existirá);
2 - A dotação do ser humano com Inteligência, atributo único necessário para avaliar o mundo a sua volta e tomar decisões que o permitam atingir seus objetivos;
3 - A possibilidade de, fazendo uso dessa inteligência, o homem buscar o bem comum e individual, "discernindo o Bem do Mal";
4 - O reconhecimento do estado bruto e limitado do homem, de sua inteligência e conhecimento, e de que os mesmos, bem como a forma do homem interagir com o mundo, sempre podem ser aprimorados;
5 - O fato de que a inteligência, por si só, não é suficiente para que o homem paute suas ações por caminho digno de tal benção, já que a mesma pode ser utilizada para fins egoístas e destrutivos; 
6 - A utilidade de uma base de referência moral para direcionar e aprimorar a inteligência e a atuação humanas por caminhos mais construtivos ao bem comum e individual;
7 - A proposição da Maçonaria como base moral ideal para se atingir esse objetivo.
A partir desses preceitos, a instrução passa a explorar os preceitos da Moral Maçônica e simbolismos utilizados na cerimônia de iniciação. Dentre esses:
·         Sua base no amor ao próximo, 
·         Em sua forma de codificação e transmissão, através de alegorias e mistérios,
·         A necessidade de o candidato à iniciação ser livre e de bons costumes. 
Nesse caso, ser livre se refere a não existirem restrições quanto ao seu livre arbítrio e a sua participação na Maçonaria. Da mesma forma, seu pensamento deve ser livre de preconceitos e paixões irracionais, pois estas entrariam em conflito com o objetivo de se tornar um "Livre Pensador".
Com relação aos simbolismos da cerimônia de iniciação, a instrução exalta uma sequência de alegorias que, em conjunto, representam um novo nascimento para o iniciado. 
Quando nascemos no mundo profano, nascemos livres de posses materiais, de conceitos e preconceitos, de vaidades e de orgulho. 
Da mesma forma, um candidato a Livre Pensador que almeje buscar os limites do infinito potencial concedido pelo GADU, deve se desfazer de todos os conceitos, paixões irracionais e vícios que limitem o atingimento desse potencial. Deve-se incorporar a humildade e a consciência da própria ignorância, para então galgar progressos na Escada de Jacó.
Durante o processo, é feito um paralelo também com a evolução da humanidade, desde o caos irracional dos instintos animais, das ambições, das guerras e das dificuldades do processo, até o atingimento de um estado mais avançado de evolução, onde predominam a harmonia, o respeito, a Liberdade e a Fraternidade. 
Chegar a esse estado e continuar avançando, tanto no âmbito pessoal/local como no da própria humanidade, é o objetivo da aplicação da Moral Maçônica à inteligência bruta do não iniciado.
Como exposto, a 3a Instrução, assim como todas as demais, condensa grande volume de informações e conceitos a serem aprofundados. São fontes abundantes de conhecimento e de estudo, e as possibilidades de aprofundamento nos aspectos expostos são infinitas. Considerando a limitação de espaço e de tempo, focarei aqui em um ponto específico:
A relação entre a existência de um princípio criador, o "Gr Arq do Univ ", e a inteligência com a qual fomos agraciados;






A relação entre o princípio criador, o "Gr Arq do Univ", e a vida inteligente:
Conforme explicado na primeira parte do trabalho, o REAA faz uma associação direta entre o fato de sermos dotados de inteligência e a existência de um princípio criador, o Gr Arq do Univ.
No entanto, essa não é, necessariamente, uma relação inequívoca. Um ateu ou um cético poderia afirmar que o fato de possuirmos inteligência deriva única e exclusivamente das ciências física e biológicas, e de como as coisas evoluíram no universo.
Seria possível rebater esse ponto de vista, de forma lógica-científica? Seria a associação entre a vida inteligente e algo superior demonstrável tecnicamente?
Nosso conhecimento sobre a física do universo ainda é bastante limitado. No entanto, se o analisarmos considerando as leis físicas conhecidas até o momento, é possível afirmar que, dado o atual estado de um sistema, conseguimos prever seus estados futuros.[1]
De forma mais concreta: Se tivermos completo conhecimento sobre as massas, as energias, as velocidades e as forças envolvidas em um determinado sistema, conseguimos prever exatamente a forma como ele se comportará no futuro.
É como um experimento de colisões de bolinhas de alumínio, usualmente realizado em laboratórios de física em colégios e faculdades. Se calcularmos corretamente as equações, saberemos em que posição cada esfera estará em cada instante t.
Essa mesma previsibilidade dos estados futuros teoricamente poderia ser estendida a todo o universo. Basta que tenhamos os conhecimentos e a capacidade de cálculo necessários.
Isso significa, então, que o futuro está pré-determinado, dependendo unicamente do presente? Significava. Até o surgimento da vida.
A partir do momento que existe vida inteligente, essa previsibilidade do universo deixa de ser verdade. A própria natureza, o comportamento, as fórmulas que descrevem o universo são alteradas pela existência da vida.
Isso porque, dado que somos seres inteligentes e dotados de memória, somos capazes de tomar decisões baseados não somente no estado atual (presente), mas também em fatos passados (memória) e em nossas intuição e impulsos. Nossos atos não são preditíveis com fórmulas físicas.
Mais ainda, nossos atos podem alterar coisas grandiosas, criando cenários que não preditíveis anteriormente. Podemos alterar a trajetória de asteroides, construir monumentos, mudar a natureza, mudar o destino da Terra e do Universo.
Além da diferença física, aqui entra uma questão filosófica. Nós, seres humanos, juntamente com toda vida, em especial a inteligente, alteramos a própria natureza e o destino do Universo. Nós, a vida, constituímos algo único, grandioso, não previsível e profundamente belo.
Sabendo disso, faz sentido que nós, maçons, busquemos estar à altura de tamanha honra, levando a humanidade a atingir e extrapolar o potencial visível, tornando a existência da humanidade e de todos os seres mais frutífera e construtiva possível. Mas o que seria uma existência frutífera? E o que significa essa mudança de natureza do universo?
Ao compararmos o comportamento do universo antes e depois do surgimento da vida inteligente (e de seu impacto sobre a previsibilidade do futuro), vemos que a grande diferença entre os dois cenários é a existência da LIBERDADE. E aqui, liberdade entra em dois sentidos:
·         sentido de "grau de liberdade", onde uma coisa que já era pré-definida (comportamento físico futuro do universo) passa a ter infinitas possibilidades, dependendo da variável de ajuste (decisão inteligente); 
·         quanto no sentido da liberdade de escolha. Seres vivos com consciência tomam decisões que afetam o destino (próprio e de todo universo à sua volta). 
Com relação à existência frutífera, cabe aqui uma reflexão acerca do que é “bom”, o que nos faz felizes e nos realiza. Quanto mais pudermos escolher a opção que mais nos agrada, mais estaremos realizando nossas vontades espontâneas, mais seremos realizados.
Se buscamos felicidade e realização, devemos maximizar o exercício da livre escolha. Ela é a característica mais básica, o bem mais precioso de todo ser ciente e o que o diferencia de todo o resto do universo.
Mas as vontades e ações de cada indivíduo impactam sobre os outros. Num mundo habitado por uma infinidade de seres cientes, o exercício da liberdade de ação sem ponderação e equilíbrio inevitavelmente leva a conflitos e sofrimento, que é o oposto do que buscávamos. Para evitar isso, então, chegamos ao segundo princípio a partir do primeiro.
IGUALDADE. Se todos forem considerados como iguais e tiverem igual direito à própria liberdade e ao próprio corpo, minimizaremos o cenário de caos e sofrimento de um mundo sem limites para os ímpetos espontâneos.
Ainda assim, no entanto, não chegamos a uma solução completa. Sabemos que o mundo é diverso. As pessoas têm personalidades, escolhas, habilidades, histórias, sortes e destinos diferentes. Milhões. Cada um único.
Isso leva a toda sorte de destino, dos mais aos menos afortunados, com mais ou menos liberdade de escolha, harmonia e realização. E isso, ainda, leva a conflitos e sofrimento, que afetam a todos.
Por isso, faz sentido que busquemos o apoio mútuo. Seja por empatia, seja por almejar um amanhã melhor (pessoas melhores, em melhores ânimos e condições, que vão conviver conosco e nos tratar melhor), o caminho ótimo é o de buscar o bem ao próximo. Quanto mais "bem ao próximo", quanto mais FRATERNIDADE, mais harmonia, realização e felicidade para a humanidade.
Universo Infinito (GADU) - Vida - Consciência
Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Maçonaria.
Não como algo que alguém inventou aleatoriamente, mas como resultado lógico de reflexões sobre a vida e o universo que nos cerca.











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Thiago Gonçalves Ledo

A.·. M.·.
E-mail thiagoledo@gmail.com
Telefone 21 99774-7864





Bibliografia:
·  Ritual de Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito - REAA





[1] Em condições físicas não extremas. Excetuam-se a essa previsão situações em escala nanoscópica, sujeitas às leis da física quântica, e em condições extremas, como na vizinhança de objetos supermassivos, como buracos negros.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Poesia - Estranha Mulher


Eu sei que ela existe, 
(embora eu nunca a veja...)
mulher estranha de mãos imensas,
semeando esmolas, misteriosamente, 
cercada de respeito, de lendas e de temor 
as mãos dessa mulher tem forma de amor 
mãos que ninam os berços da orfandade, 
mãos que põem luz na noite da viuvez, 
mãos que cortam o erro, como espadas 
mãos que abençoam, que denunciam crime 
e que trazem, no gesto que redime, 
toda a unção das próprias mãos de Deus.


Essa mulher tem a graça das Acácias,
a ternura que consola a dor alheia,
o bem que ela faz gravando só na areia, 
vem a onda e o leva ao seio do grande Artista 
que vela sobre o triste, o fraco e o oprimido.


Essa mulher, se escuta algum gemido,
se pressente a dor, a injustiça, a queda, 
como o vento desloca-se flecha ousada e firme 
na pressa de salvar, servir e se esconder.


Ela está de pé às portas da miséria...

Junto ao incapaz, ela é o braço potente, 
amparo ela o é ao lado do indigente 
arrimo da velhice, luz da juventude,
e ante a própria morte, aos pés do ataúde, 
essa mulher é esteio, é força e segurança.


Seus braços, quais colunas talhadas na rocha, 
já sacudiram tronos, muralhas e cidadelas, 
já libertaram escravos e enriqueceram os pobres,
já ergueram nações sobre cinzas de impérios...


Ela já viu morrer os filhos em prol da liberdade, 
e, embora chorando sobre seus tristes restos, 
seu braço ergueu, em sagrado protesto, 
a bandeira santa do amor universal.


De sua mesa farta, tal como em família,
reparte ela o pão da graça feminina, 
sem humilhar aquele a quem sobrou pobreza, 
e sua mão direita, segundo o evangelho, 
jamais presenciou o que a esquerda fez.


A ordem do Senhor: "Amai-vos uns aos outros"
à frente do seu Templo essa mulher gravou,
e como irmãos se tratam milhões de filhos seus,
homens predestinados, cidadãos benditos 
que não se envergonham - oh não - de crer em Deus.


Essa mulher estranha, sem jóias e sem fraqueza 
essa mulher estranha, temida e venerada, 
mil vezes perseguida, vencendo com galhardia,
é cidadã do mundo, é a MAÇONARIA.


http://www.masonic.com.br/trabalho/estranhamulher.htm