ORIENTE DO RIO DE JANEIRO, RJ.
Em 01 de abril de 2016
A.·. R.·. L.·.M.·. FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170
A.·.G.·.D.·.G.·.A.·.D.·.U
V.·.M.·.
Ir.·.1º Vig.·.
Ir.·. 2º Vig.·.
Estimados IIr.·.
V.·.M.·.
Ir.·.1º Vig.·.
Ir.·. 2º Vig.·.
Estimados IIr.·.
Assunto: Peça de
Arquitetura
Peça de Arquitetura sobre o Grau de
Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito
A Terceira
Instrução do Ritual de Aprendiz Maçom do REAA expõe ao aprendiz alguns dos
principais conceitos e valores da Maçonaria, através de um encadeamento lógico
onde cada conceito leva ao seguinte.
No presente
trabalho, serão explicitados esses conceitos e sua relação lógica e de causa e
efeito. Em seguida, o trabalho vai explorar, de forma mais aprofundada, a
relação entre dois desses conceitos.
Os principais
conceitos expostos na Instrução são:
1 - A existência de um Gr Arq do
Univ e de uma realidade muito maior e mais complexa que nossos sentidos
conseguem depreender (tudo que existiu, existe e existirá);
2 - A dotação do ser humano com
Inteligência, atributo único necessário para avaliar o mundo a sua volta e
tomar decisões que o permitam atingir seus objetivos;
3 - A possibilidade de, fazendo uso
dessa inteligência, o homem buscar o bem comum e individual, "discernindo
o Bem do Mal";
4 - O reconhecimento do estado
bruto e limitado do homem, de sua inteligência e conhecimento, e de que os
mesmos, bem como a forma do homem interagir com o mundo, sempre podem ser
aprimorados;
5 - O fato de que a inteligência,
por si só, não é suficiente para que o homem paute suas ações por caminho digno
de tal benção, já que a mesma pode ser utilizada para fins egoístas e
destrutivos;
6 - A utilidade de uma base de
referência moral para direcionar e aprimorar a inteligência e a atuação humanas
por caminhos mais construtivos ao bem comum e individual;
7 - A proposição da Maçonaria como
base moral ideal para se atingir esse objetivo.
A partir desses preceitos, a
instrução passa a explorar os preceitos da Moral Maçônica e simbolismos utilizados
na cerimônia de iniciação. Dentre esses:
·
Sua base no amor ao próximo,
·
Em sua forma de codificação e
transmissão, através de alegorias e mistérios,
·
A necessidade de o candidato à iniciação
ser livre e de bons costumes.
Nesse caso, ser
livre se refere a não existirem restrições quanto ao seu livre arbítrio e a sua
participação na Maçonaria. Da mesma forma, seu pensamento deve ser livre de
preconceitos e paixões irracionais, pois estas entrariam em conflito com o
objetivo de se tornar um "Livre
Pensador".
Com relação aos
simbolismos da cerimônia de iniciação, a instrução exalta uma sequência de
alegorias que, em conjunto, representam um novo nascimento para o
iniciado.
Quando nascemos
no mundo profano, nascemos livres de posses materiais, de conceitos e
preconceitos, de vaidades e de orgulho.
Da mesma forma,
um candidato a Livre Pensador que almeje buscar os limites do infinito
potencial concedido pelo GADU, deve se desfazer de todos os conceitos, paixões
irracionais e vícios que limitem o atingimento desse potencial. Deve-se
incorporar a humildade e a consciência da própria ignorância, para então galgar
progressos na Escada de Jacó.
Durante o
processo, é feito um paralelo também com a evolução da humanidade, desde o caos
irracional dos instintos animais, das ambições, das guerras e das dificuldades
do processo, até o atingimento de um estado mais avançado de evolução, onde
predominam a harmonia, o respeito, a Liberdade e a Fraternidade.
Chegar a esse
estado e continuar avançando, tanto no âmbito pessoal/local como no da própria
humanidade, é o objetivo da aplicação da Moral Maçônica à inteligência bruta do
não iniciado.
Como exposto, a
3a Instrução, assim como todas as demais, condensa grande volume de informações
e conceitos a serem aprofundados. São fontes abundantes de conhecimento e de
estudo, e as possibilidades de aprofundamento nos aspectos expostos são
infinitas. Considerando a limitação de espaço e de tempo, focarei aqui em um
ponto específico:
A relação entre
a existência de um princípio criador, o "Gr Arq do Univ ", e a
inteligência com a qual fomos agraciados;
A relação entre o princípio criador, o "Gr Arq
do Univ", e a vida inteligente:
Conforme
explicado na primeira parte do trabalho, o REAA faz uma associação direta entre
o fato de sermos dotados de inteligência e a existência de um princípio
criador, o Gr Arq do Univ.
No entanto, essa
não é, necessariamente, uma relação inequívoca. Um ateu ou um cético poderia
afirmar que o fato de possuirmos inteligência deriva única e exclusivamente das
ciências física e biológicas, e de como as coisas evoluíram no universo.
Seria possível
rebater esse ponto de vista, de forma lógica-científica? Seria a associação
entre a vida inteligente e algo superior demonstrável tecnicamente?
Nosso
conhecimento sobre a física do universo ainda é bastante limitado. No entanto,
se o analisarmos considerando as leis físicas conhecidas até o momento, é
possível afirmar que, dado o atual estado de um sistema, conseguimos prever
seus estados futuros.[1]
De forma mais
concreta: Se tivermos completo conhecimento sobre as massas, as energias, as
velocidades e as forças envolvidas em um determinado sistema, conseguimos prever
exatamente a forma como ele se comportará no futuro.
É como um
experimento de colisões de bolinhas de alumínio, usualmente realizado em
laboratórios de física em colégios e faculdades. Se calcularmos corretamente as
equações, saberemos em que posição cada esfera estará em cada instante t.
Essa mesma
previsibilidade dos estados futuros teoricamente poderia ser estendida a todo o
universo. Basta que tenhamos os conhecimentos e a capacidade de cálculo
necessários.
Isso significa,
então, que o futuro está pré-determinado, dependendo unicamente do presente? Significava.
Até o surgimento da vida.
A partir do
momento que existe vida inteligente, essa previsibilidade do universo deixa de
ser verdade. A própria natureza, o comportamento, as fórmulas que descrevem o
universo são alteradas pela existência da vida.
Isso porque,
dado que somos seres inteligentes e dotados de memória, somos capazes de tomar
decisões baseados não somente no estado atual (presente), mas também em fatos
passados (memória) e em nossas intuição e impulsos. Nossos atos não são
preditíveis com fórmulas físicas.
Mais ainda,
nossos atos podem alterar coisas grandiosas, criando cenários que não
preditíveis anteriormente. Podemos alterar a trajetória de asteroides,
construir monumentos, mudar a natureza, mudar o destino da Terra e do Universo.
Além da
diferença física, aqui entra uma questão filosófica. Nós, seres humanos,
juntamente com toda vida, em especial a inteligente, alteramos a própria
natureza e o destino do Universo. Nós, a vida, constituímos algo único,
grandioso, não previsível e profundamente belo.
Sabendo disso,
faz sentido que nós, maçons, busquemos estar à altura de tamanha honra, levando
a humanidade a atingir e extrapolar o potencial visível, tornando a existência
da humanidade e de todos os seres mais frutífera e construtiva possível. Mas o
que seria uma existência frutífera?
E o que significa essa mudança de
natureza do universo?
Ao compararmos o
comportamento do universo antes e
depois do surgimento da vida inteligente (e de seu impacto sobre a
previsibilidade do futuro), vemos que a grande diferença entre os dois cenários
é a existência da LIBERDADE. E aqui, liberdade entra
em dois sentidos:
·
sentido de "grau de
liberdade", onde uma coisa que já era pré-definida (comportamento físico
futuro do universo) passa a ter infinitas possibilidades, dependendo da
variável de ajuste (decisão inteligente);
·
quanto no sentido da liberdade de
escolha. Seres vivos com consciência tomam decisões que afetam o destino
(próprio e de todo universo à sua volta).
Com relação à existência frutífera, cabe aqui uma
reflexão acerca do que é “bom”, o que nos faz felizes e nos realiza. Quanto
mais pudermos escolher a opção que mais nos agrada, mais estaremos realizando
nossas vontades espontâneas, mais seremos realizados.
Se buscamos
felicidade e realização, devemos maximizar o exercício da livre
escolha. Ela é a característica mais básica, o bem mais precioso de todo
ser ciente e o que o diferencia de todo o resto do universo.
Mas as vontades
e ações de cada indivíduo impactam sobre os outros. Num mundo habitado por uma
infinidade de seres cientes, o exercício da liberdade de ação sem ponderação e
equilíbrio inevitavelmente leva a conflitos e sofrimento, que é o oposto do que
buscávamos. Para evitar isso, então, chegamos ao segundo princípio a partir do
primeiro.
IGUALDADE.
Se todos forem considerados como iguais e tiverem igual direito à própria
liberdade e ao próprio corpo, minimizaremos o cenário de caos e sofrimento de
um mundo sem limites para os ímpetos espontâneos.
Ainda assim, no
entanto, não chegamos a uma solução completa. Sabemos que o mundo é diverso. As
pessoas têm personalidades, escolhas, habilidades, histórias, sortes e destinos
diferentes. Milhões. Cada um único.
Isso leva a toda
sorte de destino, dos mais aos menos afortunados, com mais ou menos liberdade
de escolha, harmonia e realização. E isso, ainda, leva a conflitos e
sofrimento, que afetam a todos.
Por isso, faz
sentido que busquemos o apoio mútuo. Seja por empatia, seja por almejar um
amanhã melhor (pessoas melhores, em melhores ânimos e condições, que vão
conviver conosco e nos tratar melhor), o caminho ótimo é o de buscar o bem ao
próximo. Quanto mais "bem ao próximo", quanto mais FRATERNIDADE, mais harmonia,
realização e felicidade para a humanidade.
Universo Infinito (GADU) - Vida - Consciência
Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Maçonaria.
Não
como algo que alguém inventou aleatoriamente, mas como resultado lógico de
reflexões sobre a vida e o universo que nos cerca.
____________________________________
Thiago Gonçalves Ledo
A.·. M.·.
E-mail thiagoledo@gmail.com
Telefone 21 99774-7864
Bibliografia:
· Ritual de
Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito - REAA
[1]
Em condições físicas não extremas. Excetuam-se a essa previsão situações em
escala nanoscópica, sujeitas às leis da física quântica, e em condições
extremas, como na vizinhança de objetos supermassivos, como buracos negros.